Foi bom, mas não o suficiente.

Ele parou de tocar e a encarou: "O que foi, baby? Você parece triste..." Ela sorriu e balançou a cabeça, ajeitando a franja que caia nos olhos. "Nada", respondeu... mas o que realmente queria era pedir pra que ele parasse de tocar, que parasse de sorrir enquanto a admirava e que parasse de encantá-la.
"Estou triste porq não posso gostar de você" - era o que queria dizer. Mas não podia, e não devia, e não sabia se era o que devia sentir.. Então lhe deu um beijo no canto dos lábios, sorriu, e pediu para que ele continuasse a tocar, a sorrir e a encará-la. Isso não seria triste.

[...] Não que eu não tenha tentado, mas queria ter te feito feliz. E, se você agora discordar e disser que um dia foi sim feliz ao meu lado, com um sorriso triste nos lábios eu digo que não foi o suficiente. Queria ter te feito feliz, mesmo sabendo que não daria certo, pra te dar o melhor de mim e poder receber você por completo.

     Não que eu não tenha tentando... mas queria ter você deitado ao meu lado, pra te fazer sonhar, pra te fazer dormir, pra te dar amor mesmo sabendo que não seria o suficiente.
     Mas há tanto sobre o amor que eu gostaria de te explicar... Porque nada é assim tão rápido, feliz e excitante.
     Amar implica responsabilidades, dores, alegrias, e um montante de sentimentos que jamais nós humanos poderemos explicar. Porque sabemos, meu amor, que, nesse mundo, o amor nunca será suficiente.

De tantos amores... e da [im]possibilidade do amor eterno

"Que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure.”
Como romântico assumido e autor de tão belas declarações, Vinícius de Moraes consagrou e definiu o amor em sua maior contradição: a eternidade do amor é condicionada ao tempo de sua duração. Mas, se infinito é o que não tem fim, como pode ser também uma chama que se apaga?
Do ponto de vista essencialmente romântico – do qual eu não sou muito adepta –, o amor é mesmo eterno. Para quem ama, a intensidade do seu amor é tão grande que é impossível admitir que este vá acabar um dia. Quer-se absorver o máximo da pessoa amada, viver em função dela, dormir e acordar com o único pensamento de fazer o outro feliz, amar e ser amado... “para sempre”. É assim que os contos de fada terminam, e é assim que muitas vezes nós queremos que eles permaneçam: eternos, imortais, infinitos.
Mas ninguém se pergunta o que acontece depois desse “final” da história. Especialmente porque até essa parte não há nada além de uma paixão inicial, imposta magicamente. E o que há depois do “felizes para sempre”? Para quem tem experiência na área – e é nessa porção que eu me encaixo –, é mais fácil admitir que até mesmo as maiores paixões e história de amor um dia perder a mágica, acabam.
Alguns pesquisadores dizem que há vários tipos de amor: o amor erótico, baseado na atração sexual; o amor lúdico, que sobrevive de brincadeiras e da falta de comprometimento (por que, como Freud explica e esses dois casos exemplificam bem, amar também significa ter libido e prazer, não é?!); o amor pragmático, baseado na satisfação dos interesses; o amor maníaco, que sobrevive da instabilidade de crises de ciúme (pois é, namorados(as) sinistros(as), vocês também têm espaço aqui); o amor estórgico e agápico, que tem maiores níveis de intimidade e doação; e tantos outros amores que eu poderia citar. Cada um se baseia na satisfação de alguma carência, e depende dela para sobreviver.
Se levarmos em consideração todos os tipos de amor, perceberemos que a frase de Vinícius se aplica melhor a uns do que a outros. É claro que, num amor erótico, quando o sexo deixar de ser prazeroso e constante, o amor acabará. E o mesmo ocorre quando um dos envolvidos num amor lúdico começa a mandar mensagens todo dia, exigindo maior comprometimento. Mas, ao mesmo tempo em que falamos do fim eminente, a eternidade do amor fica evidente em amores com mais doação, já que, para ser completo, o amor verdadeiro exige paixão, intimidade e comprometimento, e isso implica em paciência e uma série de adaptações às manias e à personalidade do outro.
Amar é prazeroso, mas é difícil. E se baseia em satisfação, tanto do outro quanto de si mesmo. Sei que há quem diga que isso nem pode ser considerado amor, mas o que ninguém gosta de admitir é que o amor (sim, o Amor de verdade) é mesmo uma necessidade, e, como qualquer outra, pode acabar. Uma hora ou outra, o interesse dos dois deixará de ser o mesmo, aparecerão novos motivos ou necessidades, e aí é difícil segurar a barra e manter a chama acesa.
Mas caso você seja um daqueles românticos incorrigíveis, não desacredite: o amor acaba, sim... mas é possível se apaixonar e amar a mesma pessoa, por infinitas vezes, de diferentes formas. Pois, ainda que acabe, posto que é chama, o amor tem a incrível virtude de se reinventar, e, enquanto dura, tem aquela magia gostosa que só o que é imortal pode ter.
Referências em:
REIS, Brendali F. QUAIS AS PRINCIPAIS TEORIAS E PROCESSOS PSICOSSOCIAIS DA INTIMIDADE INTERPESSOAL. Cap. 8, pág 160.
apud RODRIGUES, Aroldo. PSICOLOGIA SOCIAL: Estudo da Interação Humana. Editora Vozes, 2007.
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