O começo

Esse é só o começo. Se o nosso sentimento caminha em dois sentidos, se eu digo que vejo nos seus olhos a luta constante entre ir e ficar, acho que, por agora, estamos dando mais ênfase ao permanecer. No fundo a gente sabe: isso tudo é só o começo. Você veio pra ser o último, veio porque eu estava esperando você. Não vou te pedir pra prometer, o caminho de dois sentidos está sempre aberto e você tem toda a liberdade pra ir, voltar, ficar, fugir. Mas te peço uma escolha, e peço para que, independente do que você decidir, você cumpra até o fim. Nós dois sabemos que, do nosso jeito, isso já é perfeito. A gente nunca sabe o que quer, e o não sei parece sempre escolher por nós – mas acho que, até hoje, não erramos nas poucas coisas que soubemos escolher. Você é tudo o que eu quero, porque você é intenso e verdadeiro... divide comigo a sua cama, a mesma porção de batatas, a rotina, o domingo inteiro. No fundo a gente sabe: pra tudo na vida é preciso apenas vontade.
Desde o começo você sabia que não tinha como não se apaixonar pelo meu sorriso. Desde o começo eu sabia que, se te beijasse de volta, não teria como voltar atrás. A gente estava juntos desde o começo, e depois, e o começo é de novo agora e parece que vai ser assim até o final. Estamos sempre começando.
Poderíamos ser só amigos, se tudo o que eu desejasse pela manhã não fosse você, se eu não tivesse te dado o meu corpo e todos os meus sonhos, se eu não fosse a calma e você a tempestade, se eu não fosse a ordem e você o caos. Você chegou, bagunçou tudo, me falou tanto sobre sentimento, sobre frustrações, sobre meu nome nos seus sonhos e nas suas terapias. Depois disso, falar sobre ser só amigos me pareceu pequeno demais. Acho que no fundo eu só agradeço aos pequenos gigantes que nos uniram.

Desde o começo a gente sempre preferiu ficar acordados, sermos os últimos a ir embora, os últimos a ir dormir... Porque na nossa vida, a realidade parece ser melhor do que o sonho. E o melhor de tudo é que, na nossa vida, isso é apenas o começo.

Materializando ideias

Era hora do almoço, mas tive que abandonar meu suculento bife acebolado quando uma ideia meio louca irrompeu a mente. Quem escreve sabe que as ideias precisam ser rapidamente passadas para o papel, sob risco de serem perdidas. As palavras gostam de calar quando precisamos delas, e algumas ideias jamais podem se perder, porque podem cair nas cabeças de outras pessoas.
O Marco sempre me diz, nos corredores da faculdade, que as boas ideias parecem nuvens flutuando por aí, em uma frequência muito específica que poucos podem captar. Por isso, se você sintoniza uma boa frequência, anote, salve-a. Na mente, no HD, no coração, na sensação.
O Will também gosta de falar sobre frequência: nas palestras motivacionais, ele diz que emitimos energia, e que a recebemos na mesma frequência com a qual a enviamos, positiva ou negativa. Todas as coisas nas quais depositamos nossas crenças deixam de ser neutras e passam a ter carga, sentimento.

Talvez você esteja neutro e fique se perguntando onde é que eu estou querendo chegar com tudo isso.
Eu também não sei. O bife esfriou, a comida não está mais na mesa, e, aparentemente, a ideia não está mais na cabeça. Me perdi na introdução do texto. Mas o que não perdi foi a vontade de escrever.
Ando numa boa fase, sabe?!
Achei uma frequência interessante e é ela quem está embalando meus passos.
Os sonhos estão tomando forma, consistência. As palavras, antes perdidas, ganharam corpo e se tornaram contrato. Foram planos, reuniões, parcerias, decisões. Três mãos que assinaram a instituição de um sonho comum. E logo depois, duas mentes que trabalharam na construção de uma mesma ambição. Sonhos que se sonham junto viram realidade.

Mas é preciso dar uma pausa nos sonhos bons. Manter o foco; porque não foi para falar das novas alegrias que eu me sentei aqui. Um pouco de pessimismo nesta xícara, por favor, porque agora eu vou fazer de conta que me chateei.
Ainda é hora do almoço, enganei a fome com café, e o bife antes suculento eu engoli meio a contragosto.
Ontem escrevi sobre fidelidade, contei um caso aleatório qualquer. Vocês ficariam surpresos de saber que a história relatada não tinha elementos reais. Gaiman costuma dizer que qualquer história que retrata a realidade é assim: fictícia do começo ao fim. E hoje abri meu email e havia um comentário dela - anônimo, sem noção. Ela me acusa de falar dela, de contar sua história.
Vibrei de alegria por saber que, magicamente, um elemento da minha imaginação, um personagem criado por mim, ganhou vida e se manifestou. Imagine se todos os meus outros exemplos resolvem se materializar? Se todas as pessoas e todas as relações sobre as quais eu já falei e publiquei, resolvem me escrever? Poderia povoar um mundo inteiro. Mas gostaria que eles me avisassem, para que eu pudesse mudar alguns elementos nas suas trajetórias. No fundo, vivo uma certa frustração: com tantos bons escritores por aí, com tantos bons personagens, porque o universo deu vida justo a minha pior criação? Pesadelos, mesmo sozinhos, podem virar realidade também.
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