Ele virou a câmera na minha direção: "Venha, vamos tirar uma foto"
Automaticamente, levantei a mão numa tentativa de esconder o rosto, esquecendo que a iluminação não permitiria me ver de qualquer forma.
Ele me abraçou e tirou a foto, virando o celular para me mostrar uma mancha escura: nossa foto na escuridão da noite.
"O que você está fazendo?" perguntei enquanto ele mexia em algo no celular.
"Colocando nossa foto como proteção de tela"
"Mas é apenas uma tela preta"
"Mas eu vou saber que é você. E sempre será você"
Então ele me beijou e eu percebi que aquela foto, que não mostrava nossos rostos, era perfeita para definir nós dois. As pessoas não entenderiam e nem saberiam do que se tratava aquela escuridão, mas nós dois saberíamos que ali, como em tantas outras madrugadas, estava todo o nosso sentimento. Porque nós seríamos sempre assim, como pontos desfocados na madrugada escura. Era nosso melhor ângulo.