Materializando ideias

Era hora do almoço, mas tive que abandonar meu suculento bife acebolado quando uma ideia meio louca irrompeu a mente. Quem escreve sabe que as ideias precisam ser rapidamente passadas para o papel, sob risco de serem perdidas. As palavras gostam de calar quando precisamos delas, e algumas ideias jamais podem se perder, porque podem cair nas cabeças de outras pessoas.
O Marco sempre me diz, nos corredores da faculdade, que as boas ideias parecem nuvens flutuando por aí, em uma frequência muito específica que poucos podem captar. Por isso, se você sintoniza uma boa frequência, anote, salve-a. Na mente, no HD, no coração, na sensação.
O Will também gosta de falar sobre frequência: nas palestras motivacionais, ele diz que emitimos energia, e que a recebemos na mesma frequência com a qual a enviamos, positiva ou negativa. Todas as coisas nas quais depositamos nossas crenças deixam de ser neutras e passam a ter carga, sentimento.

Talvez você esteja neutro e fique se perguntando onde é que eu estou querendo chegar com tudo isso.
Eu também não sei. O bife esfriou, a comida não está mais na mesa, e, aparentemente, a ideia não está mais na cabeça. Me perdi na introdução do texto. Mas o que não perdi foi a vontade de escrever.
Ando numa boa fase, sabe?!
Achei uma frequência interessante e é ela quem está embalando meus passos.
Os sonhos estão tomando forma, consistência. As palavras, antes perdidas, ganharam corpo e se tornaram contrato. Foram planos, reuniões, parcerias, decisões. Três mãos que assinaram a instituição de um sonho comum. E logo depois, duas mentes que trabalharam na construção de uma mesma ambição. Sonhos que se sonham junto viram realidade.

Mas é preciso dar uma pausa nos sonhos bons. Manter o foco; porque não foi para falar das novas alegrias que eu me sentei aqui. Um pouco de pessimismo nesta xícara, por favor, porque agora eu vou fazer de conta que me chateei.
Ainda é hora do almoço, enganei a fome com café, e o bife antes suculento eu engoli meio a contragosto.
Ontem escrevi sobre fidelidade, contei um caso aleatório qualquer. Vocês ficariam surpresos de saber que a história relatada não tinha elementos reais. Gaiman costuma dizer que qualquer história que retrata a realidade é assim: fictícia do começo ao fim. E hoje abri meu email e havia um comentário dela - anônimo, sem noção. Ela me acusa de falar dela, de contar sua história.
Vibrei de alegria por saber que, magicamente, um elemento da minha imaginação, um personagem criado por mim, ganhou vida e se manifestou. Imagine se todos os meus outros exemplos resolvem se materializar? Se todas as pessoas e todas as relações sobre as quais eu já falei e publiquei, resolvem me escrever? Poderia povoar um mundo inteiro. Mas gostaria que eles me avisassem, para que eu pudesse mudar alguns elementos nas suas trajetórias. No fundo, vivo uma certa frustração: com tantos bons escritores por aí, com tantos bons personagens, porque o universo deu vida justo a minha pior criação? Pesadelos, mesmo sozinhos, podem virar realidade também.

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