Desde
que aprendi a escrever, gosto de manter agendas e diários onde posso anotar
meus “compromissos” e recordações. Eles me organizam, não deixam eu me perder
ou esquecer. Por causa deles, consigo manter a vida em um tipo de organização.
E
transfiro isso pra toda a minha vida: arrumo as roupas por cores, e com elas
organizo meus pensamentos por sentimento e ordem de importância. Azul para os
dias melancólicos, cinza para os dias chuvosos, vermelho pra eu não me esquecer
de sentir saudade. Tiro algumas peças, demonstrando para o mundo que não vou
guardar no guarda-roupa e na vida aquilo que não me serve mais.
Sapatos,
assim como amigos, tenho só alguns – que é pra nenhum deles duvidar da sua
importância e necessidade. Uso até ficar gasto e não abro mão nunca. Desde
adolescente conservo a ideia de que, quanto mais surrado o all star, mais histórias ele carrega e mais confortável ele se
torna.
O
quarto está sempre limpo, a cama arrumada. Exceto quando ELE vem e bagunça tudo.
Aí eu rio, jogo o colchão no chão e deixo tudo no caos até a manhã seguinte. Um
rompante de paixão e desordem... perfeitamente ordenados com tudo o que existe
aqui. O espaço estava arrumado, esperando para recebê-LO, torcendo para que ele
não vá embora tão depressa.
O
universo de fora organiza o universo de dentro, e vice-versa.
E
na sua bagunça, ele se encaixa na minha ordem, e me organiza, e me cativa, e me
reinventa. Jogo fora outras peças de roupa para que ELE tenha mais espaço pra
ficar. Esquece uma camisa aqui, vai. Coincidentemente tem um lugarzinho ali, um
espaço que você tem toda a liberdade pra preencher. Fica um pouquinho. Arrumei
tudo antes de você chegar.
Um
professor uma vez me disse que, quando passamos por um período de mudança (seja
pelo término de namoro, pelo final de alguma fase, o fim do curso, a despedida,
a saída do emprego), a primeira coisa que se deve organizar é o seu quarto. A partir
dele é que se organizam os pensamentos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário